Na reunião da Câmara Municipal de Baião realizada no dia 24 de abril, o vereador dos Assuntos Económicos da autarquia, José Lima, que tem conduzido o processo com vista à aquisição do edifício da Adega Cooperativa de Baião, para a criação de um Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia Agroalimentar, revelou o seu “constrangimento e tristeza” quanto ao futuro do imóvel, uma vez que foi “informado pela direção de que os seus cooperantes decidiram, maioritariamente, que a venda não deveria ser realizada, portanto, não alienariam aquele património” disse.
Lamentando e demonstrando a sua preocupação, José Lima lembrou que está em causa “muito trabalho que já foi feito, nomeadamente um projeto que temos para o espaço, identificado e valorizado pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM-TS), com promessa de apoio por parte do Ministério da Agricultura”, frisou.
“Trata-se de um projeto para Baião, mas também para a região e para todo o território, que valoriza o setor primário, que tanto padece e tem necessidade de ser alavancado. É com muita tristeza que constato o desfecho negativo deste processo. Perde Baião, perdem os baionenses, perdemos todos nós”, apontou o vereador.
José Lima explicou que a decisão da INOVA Baião, proprietária do imóvel, surgiu após reunião em Assembleia Geral, realizada no dia 20 de abril, tendo como última proposta para a aquisição por parte do município, o valor de 465 mil euros. “Valor acima do desejável, porque não estávamos a comprar nada, mas sim a valorizar património para o devolver aos baionenses e colocar ao serviço do desenvolvimento do concelho e da região”, sublinhou.
O autarca adiantou ainda ter havido uma proposta inicial do município no valor de 350 mil euros, em relação ao qual a direção da Adega “nos disse que não chegava, atendendo ao valor da dívida existente, o que nos levou a avançar com o valor que supostamente seria o suficiente e necessário”, contou.
A criação do Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia Agroalimentar, em Baião, projeto estratégico para a região, está, assim, seriamente comprometido, apesar dos esforços da Câmara Municipal de Baião em adquirir o imóvel que lhe daria corpo, e onde se formaria um dos grandes eixos de desenvolvimento.
Recorde-se que, no âmbito da implementação do projeto, a convite do presidente da Câmara de Baião, Paulo Pereira, a ex-Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, visitou as instalações, em agosto de 2020, tendo assumido que o Ministério sob a sua tutela defenderia “o projeto a par com a Câmara Municipal, aquando da procura de eventuais formas de financiamento para a sua materialização”, disse.
UM PROJETO AMBICIOSO
A implementação do projeto, ambicioso, em Baião, decorre da decisão do Conselho Diretivo da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, após a aprovação de um conjunto de projetos estratégicos para o desenvolvimento socioeconómico sustentável do território constituído por onze municípios.
A escolha do antigo edifício da Adega de Baião foi considerada ideal para alojar o Centro, tornando-se num equipamento nuclear para o desenvolvimento do setor primário, que posicionaria o município como um ator de relevo. Por outro lado, reunia as dimensões e características necessárias, bem como a proximidade a acessos relevantes, que serão reforçados com a construção da variante de Baião à ponte da Ermida e a ligação de Quintã a Mesquinhata.
PROJETO TRABALHADO POR RECONHECIDOS ESPECIALISTAS
Este projeto estratégico, trabalhado por especialistas de renome entre 2020 e 2021, aponta para a promoção e desenvolvimento da fileira agroalimentar na região do Tâmega e Sousa, com particular enfoque na prestação de serviços à pequena agricultura, estando para isso definido um conjunto de missões:
- Criação e Transferência de Tecnologia, nomeadamente fornecendo o suporte tecnológico à fileira agroalimentar da região, com um enfoque especial na pequena agricultura.
- Prestação de Serviços Avançados como a informação e vigilância tecnológica, aconselhamento técnico, testes e análises laboratoriais.
- Promoção das Cadeias Curtas e Produtores Locais através da valorização dos produtos endógenos do território nos mercados locais e regionais, bem como através das compras públicas municipais.
- Logística, oferecendo serviços de armazenamento e refrigeração para apoiar a cadeia agroalimentar.
- Marketing e Apoio à Gestão, auxiliando na gestão de marcas, embalagens e rótulos, além de disponibilizar espaços expositivos e realizar eventos promocionais.
- Promoção do Empreendedorismo Rural através da implementação de programas de incubação e aceleração para fomentar o empreendedorismo rural e a renovação geracional dos produtores.
O investimento inicial abrange instalações, equipamentos, mobiliário, sistemas de informação, bem como a conceção e implementação de um sistema de testes e certificação, além de um plano de comunicação.
A CIM-TS tem já elaborado um Plano Estratégico do Agroalimentar do Tâmega e Sousa que, na opinião do vereador dos Assuntos Económicos, José Lima “é essencial para a região e colocaria Baião como um centro de desenvolvimento do setor no território. Naturalmente, é com muita mágoa e tristeza que enfrentamos o facto de Baião perder a possibilidade de financiamento e qualificação deste edifício tão simbólico, que seria destinado, precisamente, aos atuais utilizadores e a muitos outros, de Baião e da região. É, assim, algo incompreensível esta posição da direção, acusou o autarca.

Conteúdo atualizado em 27 de Junho de 2024 às 11:38