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Parceiros do projeto transfronteiriço PAISACTIVO debateram a gestão e desenvolvimento do espaço rural na Galiza e no Norte de Portugal

O Campus Terra, polo da Universidade de Santiago de Compostela, na cidade galega de Lugo, recebeu um encontro técnico no âmbito do projeto transfronteiriço PAISACTIVO, designado “Boas Práticas da Gestão Ativa do Espaço Rural”.

Este projeto, direcionado para a área da gestão sustentável do território e redução do risco de incêndios terá, entre outras ações, dois projetos-piloto, um deles na aldeia de Almofrela, em Baião, e outro na aldeia galega de Infesta.

Estiveram presentes os parceiros galegos do projeto, nomeadamente técnicos da Agência Galega de Desenvolvimento Rural e académicos da Fundação Juana de Vega e da Universidade de Santiago de Compostela, tal como dois técnicos em representação do Município de Baião, Ester Silva, Chefe de Equipa de Políticas Públicas da CIM-Tâmega e Sousa e Telmo Pinto, Primeiro Secretária desta entidade supramunicipal.

A Sessão de Abertura ficou a cargo de David Miranda, Catedrático do Departamento de Engenharia Agroflorestal da Universidade de Santiago de Compostela, a que se seguiu uma palestra conduzida por José Alberto Rio Fernandes, Professor Catedrático da Faculdade de Letras do Porto, que se debruçou sobre as “Aldeias com Futuro”, como instrumento de apoio à decisão política em aldeias de montanha.

Jorge Manuel Blanco, Diretor Adjunto de Promoção Rural Internacional e Inteligente da Agência Galega de Desenvolvimento Rural, fez a apresentação do projeto propriamente dito, principalmente no que diz respeito às problemáticas como o abandono progressivo do espaço rural e o aumento de incêndios de grandes dimensões, bem como as causas que originam esses fatores, os processos que estes académicos investigam e as oportunidades que os permitem mitigar.

De realçar que esta explanação teve sempre como foco principal os paralelismos existentes entre o Norte de Portugal e a Galiza.

Ester Silva, em representação da CIM-Tâmega e Sousa, apresentou o modelo da aldeia de Quintandona, situada na freguesia de Lagares, no concelho de Penafiel, que começou a ser requalificada no início do século e cuja recuperação representa um modelo de referência para outras aldeias com este potencial, onde se podem replicar certos aspetos já testados nesta localidade penafidelense.

Antes da requalificação, Quintandona estava despovoada e votada ao abandono. Hoje tem 90 habitantes com uma média de idade de 25 anos.

A Aldeia modelo de Moreda, situada na província de Lugo, foi igualmente apresentada como referência neste aspeto, nomeadamente no que se refere às suas características, consideradas como especiais por Ines Santé, Professora titular do Departamento de Engenharia Agroflorestal da Universidade de Santiago de Compostela e uma estudiosa deste fenómeno.

Ostana, pequena localidade italiana localizada nos Alpes Ocidentais, na região de Piemonte, a 100 quilómetros de Turim, sofreu um forte processo de despovoamento, passando de 1.200 habitantes em 1921, para 5 em 1985.

No sentido de inverter a situação, com base na motivação de uma administração local visionária e da cooperação público-privada, foi ativado um processo inovador de repovoamento, fazendo com que, hoje, Ostana tenha 80 habitantes durante todo o ano e cerca de 500 turistas durante o verão.

O caso de sucesso desta povoação alpina foi apresentado por Francisco García, Técnico de Desenvolvimento Rural da Fundação Juana de Veja, entidade que promove o conhecimento, conservação e desenvolvimento do espaço rural da Galiza.

Quico Onega, Investigador do Laboratório do Território, da Universidade de Santiago de Compostela, fez a apresentação do Manual de Boas Práticas do projeto transfronteiriço PAISACTIVO, que reflete a aprendizagem adquirida no contacto entre os parceiros portugueses e galegos e na respetiva troca de experiências, com base no diálogo constante entre os mesmos, de modo a maximizar sinergias e aspetos que se entroncam nos dois territórios.

Casos de sucesso e boas práticas a adotar foram as temáticas abordadas por José Manuel Rocha, doutorando de Geografia pela Faculdade de Letras do Porto, mais concretamente formas de mitigação e prevenção dos incêndios rurais ou a valorização do património cultural material e imaterial, entre outros assuntos.

A sessão terminou com um debate entre os intervenientes, moderado por Inés Santé, a que se seguiu uma reunião de caráter técnico entre os parceiros, onde foram discutidos os diferentes aspetos considerados fundamentais para a implementação do projeto.

 ALDEIA DE ALMOFRELA VAI RECEBER PROJETO-PILOTO EUROPEU              

O PAISACTIVO, é um projeto de valorização do território, que vai ao encontro das políticas de desenvolvimento seguidas em Baião e enquadra-se num conjunto de ações locais e regionais que visam a preservação, promoção e desenvolvimento do seu vasto património natural.

Para a aldeia de Almofrela, na União de Freguesias de Campelo e Ovil, está previsto um investimento a rondar os 400 mil euros, que tem como foco principal a sua preservação e dinamização, implementando ações destinadas à resiliência face aos incêndios florestais, além de intervenções infraestruturais no sentido da sua requalificação e embelezamento, promovendo o reforço do sentimento de pertença por parte da comunidade local.

O Albergue de Almofrela irá assumir, também, o papel de Espaço multifuncional, que para além de ser um centro interpretativo da Aldeia e da Serra da Aboboreira, promoverá um conjunto de atividades socioeconómicas que incrementem a identidade e sentido de pertença, não só para os habitantes locais, mas também para todos os baionenses.

Também previstos no projeto, entre outros, estão arranjos urbanísticos na envolvência da Capela, e criação de um perímetro de faixa de proteção contra incêndios, onde serão plantadas árvores autóctones.

Conteúdo atualizado em 14 de Novembro de 2024 às 11:51

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